quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"Gwenhwyfar - O Espírito Branco" de Mercedes Lackey [OPINIÃO]


Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 392
Editor: Editorial Planeta
ISBN: 9789896573126


Sinopse:

A mais antiga das histórias galesas e o mais antigo dos mitos de Artur falam como se não tivesse uma, mas sim três rainhas com esse nome. Recorrendo a essas fontes mais antigas, Mercedes Lackey reconta a história da lendária terceira rainha de Artur. 
A crescer numa Inglaterra onde os costumes antigos estavam a ser suplantados pela influência do Cristo Branco, Gwenhwyfar move-se num mundo onde os deuses antigos ainda caminham entre os devotos pagãos, onde visões nebulosas advertem contra perigos futuros e onde existem dois caminhos para uma mulher, o caminho da Bênção ou o caminho mais raro do Guerreiro. 
Quando as Senhoras da Fonte convocam Gwen para servir um propósito especial, cede às circunstâncias para se tornar a terceira rainha de Artur - e encontrará tentação e traição, intriga e decepção, mas também amor e redenção.


Opinião:

Ao longos dos anos, muita tinta fez correr a lenda do Rei Artur. Com ele vem a famosa espada excalibur; a sua rainha Guinevere (Gwenhyfar); o seu fiél chefe de guerra, Sir Lancelot; e Morgana, a temível meia- irmã de Artur.
De certo, estão familiarizados com as várias ramificações desta lenda, que até filmes já originou, devido à sua popularidade.
Mas, para os mais distraídos... Artur torna-se Rei, embora sendo um filho ilegítimo. Casa com Gwen, mas o coração da mesma pertence a Lancelot e vice-versa. Morgana, sedenta de poder e vingança, concebe um filho com o seu próprio irmão, através das ilusões da magia, concebendo um filho, Mordred.
Com o tempo, Gwen tenta conduzir Artur e o Reino a seguir o cristianismo, mas Morgana, decidida a manter os velhos costumes e a contrariar a vontade da cunhada (visto que Morgana era apaixonada por Lancelot), intervém.
A versão de Mercedes Lackey contém os mesmos personagens, mas alguns ligados de formas diferentes, assim como diferindo nos seus propósitos.
Ao contrário da lenda, a autora foca a sua atenção em Gwen, e é pela visão da mesma que o livro decorre.
Fazendo uma pesquisa, Lackey descobriu uma versão que lhe pareceu a mais fidedigna, em que Artur teria casado não com uma, mas três Gwenhyfar, e seguindo esta linha de pensamento, a acção é desenrolada, tendo como personagem principal a terceira e última Gwenhyfar.
Acompanhamos Gwen desde tenra idade, desde os seus quatro anos, até à morte do Rei Artur, que acontece em batalha.
Filha de um senhor de guerra, e irmã de mais três raparigas, sendo a terceira filha, Gwen teve liberdade para se tornar na guerreira que queria.
Desde pequena que fora educada no ferro frio, como lhe chamavam as Senhoras, mas nunca perdeu o seu Poder, embora o deixando de lado, em detrimento da marca que a deusa Épona fez em si, tornando-se num chefe de guerra magnifico, nunca cavaleira exímia e numa guerreira sem igual.
Decidida em ser guerreira, Gwen não pensa em homens, até que um senhor de guerra, de grande confiança de Artur aparece, Lancelot, e atrai a sua atenção, mas nada acontece, pois tanto um como outro têm deveres a cumprir.
Entretanto, a primeira rainha morre de desgosto após a morte dos seus filhos; a segunda deserta com o inimigo; e cabe a Gwen casar com Artur que a quer pelos seus cavalos e juventude para que possa, finalmente, produzir-lhe um herdeiro.
Mas, embora se mantendo na penumbra, Gwen sempre atraiu pessoas destrutivas, tais como a sua irmã mais nova, chamada de Gwen, a Pequena, devido às seus semelhanças com Gwen, que mais pareciam gémeas, mas, que sempre se mostrou um diabrete sobre pernas, tendo um final merecido!
Casado com Gwen, a Pequena, que fora levada por Morgana e a sua tia Ana Morgause e criada pelas mesmas, está Mordred, o filho de Ana Morgause e Artur (sim, a autora segue uma linha diferente da lenda original), que sempre quisera a jovem guerreira, assim como o trono.
Sabem quando pegam num livro cuja temática vos entusiasma, mas sobre o qual não têm grandes expectativas, pois o tema já fora mais que usados por outros autores? Eu sentia-me assim como o livro de Mercedes Lackey, mas enganei-me redondamente, e passei a idolatrar esta autora de fantasia que é simplesmente soberba na sua escrita e imaginação fértil!
Lackey dá-nos a conhecer em pormenor a terceira Gwen, como uma mulher forte e determinada a cumprir os seus juramentos e a manter os seus princípios, uma verdadeira guerreira, mulher de valor e  altruísta.
Por outro lado, temos um Artur muito ausente, que apenas comparece na parte final do livro, e como já está velho e cansado, nada tem a dar à jovem Gwen.
Depois, temos Lancelot, que apesar do seu amor não declarado, acaba por sucumbir à paixão, mas nunca traindo a sua lealdade para com o Rei Supremo, reflectindo-se essa mesma honra, quando, após a morte do Rei, parte em vez de reclamar o amor da sua vida, Gwen (admito que não contava com aquele final!!).
Mercedes Lackey é dotada de uma escrita fantástica, rebuscada e adequada à altura, associando a uma mente ávida de informação e imaginação pronta a derramar.
Não se trata de uma leitura leve, muito por causa do tema escolhido e aos acontecimentos que vão surgindo, mas lê-se rapidamente e sem dificuldades, embora a autora prefira monólogos a diálogos, visto que Gwen passa bastante tempo em introspecção e sozinha.
A acção desenrola-se, em alguns momentos, a uma velocidade alucinante, fazendo-me perder um pouco na cronologia, mas não é algo frequente ou que coloque entraves à leitura.
De uma forma geral, "Gwenhyfar - O Espírito Branco" é uma leitura muito aprazível e a não perder pelos fãs da fantasia!
Mercedes Lackey está de parabéns, pois conseguiu mais uma seguidora.