domingo, 5 de maio de 2013

Por um Momento, de Ana Lopes – OPINIÃO


 
 
Ficha Técnica:

Autor: Ana Lopes
Colecção: Viagens Na Ficção
Páginas: 322
Data de publicação: Julho de 2011
Género: Romance
Preço: 12,00 €
ISBN: 978-989-6971-60-1
Sinopse:
 
Victória Cruz tinha um desejo: conhecer os elementos da banda que sempre protagonizaram os seus sonhos. E um dia, na mítica cidade de Lisboa, esse sonho é tornado realidade.
Terá o amor a força suficiente para alterar o modo de pensar de alguém? Quando uma pessoa se considera a si própria inimiga número um desse sentimento, poderá mudar de ideias? E o que fazer quando uma inóspita encruzilhada se cria à nossa frente? Ou quando alguém se torna a apoteose do nosso mundo? A frase imperativa aparece, pairando sobre a negrito, sobre o cérebro, toldando todos os restantes pensamentos: Alguma vez desististe de tudo para correres atrás de um grande amor?
 
Opinião
 
«Por um Momento» é o primeiro romance da jovem autora Ana Lopes, publicado em 2011 pela Chiado Editora. Admito que no início tive algumas dificuldades em lê-lo, por variadas razões. O livro tem alguns problemas, nomeadamente a linguagem excessivamente poética e frases demasiado longas que me fizeram perder ao longo da história e ser obrigada a voltar atrás. A história em si não me cativou, nem acreditei nela, e a forma como está contada, na primeira pessoa, pela personagem principal, Victória Cruz, torna as coisas um pouco maçadoras.

Victória Cruz é uma jovem de 18 anos cujo sonho é conhecer os membros de uma banda famosa dos Estados Unidos. E quando o encontro acontece finalmente, ela apaixona-se loucamente por um dos membros da banda, Seth, e a paixão é recíproca, tudo num simples abraço e numa frase que Victória lhe sussurra ao ouvido. Achei todo esse amor muito rápido e sem muito sentido, até porque eles se separam sem nunca ter acontecido nada, e a verdade é que os meses e as páginas seguintes são passados com Victória a delirar completamente por ele. Os pensamentos são extremamente repetitivos e vão quase até meio do livro, o que foi aborrecido e exagerado. Victória Cruz não pensa em mais nada: nem na faculdade, nem nos amigos, nem em outra coisa qualquer que goste de fazer. A autora levou esta obsessão ao limite, até que um novo encontro acontece e o amor toma forma. Não vi qualquer afinidade entre a Victória e o Seth, pelo contrário, vi aquela relação como o devaneio de uma adolescente, que é tudo, menos real. No entanto, eles insistem numa espécie de namoro algo forçado, a meu ver, e fiquei espantada com a rapidez com que Victória confia nele cegamente e o segue para onde for. A autora faz questão de justificar o motivo pelo qual gostam um do outro: seja o abraço ou a frase de Victória no primeiro encontro, seja a beleza do Seth. Considerei ambos de certa forma fúteis, sem muito para dizer. Os diálogos que mantêm entre si são longos, por vezes, mas não dizem nada. Falam do amor, da beleza e da bondade de ambos, e não passa daí. Acima de tudo, são conversas pouco credíveis, algumas sem sentido, que me levavam a lê-las várias vezes, impedindo-me de entrar na história. Dei por mim a pensar em diálogos diferentes e mais apropriados para aquelas situações.
Não senti qualquer afinidade com a personagem Victória e muito menos com o Seth, um rapaz extremamente apagado e sem força, apesar da profissão que tem e da celebridade que é.
No entanto, quando achei que a história estava morta, surgiu o Daniel e parabilizo a autora por o ter criado. Daniel é um jovem problemático que arranja problemas na universidade e que vê em Victória um novo alvo a quem humilhar. No entanto, o que acontece é uma união inesperada e a meu ver positiva. Gostei do Daniel. Achei que era pelo menos o único personagem com personalidade e que à sua maneira soube correr atrás daquilo que desejava. Senti química entre os dois e gostei daquela relação, que foi uma lufada de ar fresco na história.

Embora esperasse um final diferente, devo dizer que foi agradável e misterioso, o que me levou a desejar saber o que vai acontecer no próximo volume.
A história tem alguns erros ortográficos e não percebi o motivo pelo qual os diálogos estavam a negrito. Isso fez-me alguma confusão. O livro está também carregado de expressões cliché. Resumidamente, acho que esta obra peca por falta de maturidade. Penso que a autora não perderia nada em ter esperado mais alguns anos para publicá-la. No entanto, é de louvar os jovens autores que têm a coragem de escrever e mostrar o que escrevem e reconheço o esforço e a dedicação patentes neste livro. Tenho a certeza que, com esforço e persistência, a autora ainda poderá melhorar muito. Aguardo a publicação de novas obras.

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