Fiquem a saber mais sobre esta autora nacional e o seu trabalho.
LNOE- De que forma a sua formação superior influencia a sua escrita?
S. F. - Uma das minhas professoras de faculdade costumava dizer que
‘tirar uma licenciatura era ter licença para estudar sozinho’. Foi uma frase
que nunca esqueci porque acredito naquilo que ela significa. Escrever é
aprender sozinho.
Acredito que o ensino superior me proporcionou algumas
ferramentas, a nível pessoal e educacional, que influenciaram a minha escrita. A
exposição académica ajudou a construir parte da minha visão sobre
comportamentos individuais e sociais dos seres humanos e ensinou-me a teoria
que sustenta a pesquisa e a investigação sociológica.
Conhecer outras realidades é o
princípio da Sociologia, dos Viajantes e dos Escritores. Uma ligação lógica e
indissociável.
LNOE - Como
funciona o processo de escrita? Fácil e rápido? Difícil e lento? No que se
inspira?
S. F.- Quanto aos processos de
escrita, cada género literário tem o seu próprio ritmo. No caso de ‘Percepção’,
assim como de qualquer outra obra com este formato, exige pesquisa continuada,
execução contínua e revisão cuidada. Não se escreve uma obra em dois dias, dois
meses, às vezes, nem em dois anos. Este é um conhecimento que só adquirimos
depois de acumular uns quantos rascunhos inacabados.
Quanto à inspiração,
mais uma vez, depende do género. Alguns projectos exigem esforços continuados,
outros são agraciados com a inspiração de momento, outros são minuciosamente
planeados e executados forçando a musa a trabalhar. ‘Percepção’ entrou no tipo
‘esforços continuados’, contando vários anos desde o amadurecimento da ideia
até à revisão final.
LNOE -
Poesia ou prosa? E porquê?
S. F. - Ambos, sempre. Há sentimentos que a prosa não
consegue conter, assim como, há ideias que a poesia é incapaz de expressar.
LNOE - Do
acompanhamento que faço ao seu blogue, vejo que lê, essencialmente, em inglês...
Existe alguma razão específica para tal ou é pura coincidência? De que forma
autoras como J R Ward e Larissa Ione influencia, ou não, o seu trabalho?
S. F. - Leio muito em inglês.
Por conveniência, por prazer e porque, ao ler as obras originais (quando o
entendimento do idioma original não é obstáculo), evitamos perder algo nas
traduções.
Sou fã de Ward, como
tenho vindo a afirmar ao longo dos últimos dois anos, sou fã de Fantasia e de
ler aquilo que me agrada. Não sei de que forma isto influencia a minha escrita,
uma vez que não escrevo no género literário de Ward ou Ione.
Várias são as obras que considero favoritas,
mas esta é uma lista em constante desenvolvimento. Autores como JRR Tolkien,
Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Bram Stoker, Enid Blyton,
Fernando Pessoa, Luís de Camões, Anne Rice, Florbela Espanca, Oscar Wilde, J.K. Rolling, Dan Brown, Stephenie Meyer,
Laurell K. Hamilton, J.R. Ward, Richelle Mead, Luis Sepúlveda, entre outros,
constam da minha prateleira de favoritos.
LNOE-
"Percepção" é o seu primeiro livro editado, mas quando e qual a sua
primeira experiência como escritora?
S. F. - Tenho inúmeras memórias de
infância relacionadas com a escrita, mas nessa altura não pensava nisso como
algo a perseguir no futuro. Deixo-vos a história mais caricata que, não sendo a
primeira nem a única, foi elucidativa.
Algures na preparatória, uma
professora de Português solicitou que escrevêssemos uma composição. A melhor de
todas seria lida em voz alta para toda a sala ouvir. Sem tema definido mas com
três frases iniciais a servir de mote: “Sou um candeeiro de rua”, “Sou a montra
de uma loja” e outra qualquer de que já não me recordo (creio que era “Sou um
banco de jardim”).
Ditou a inspiração e a imaginação
infantil, influenciada por excesso de horas de volta de Shakespeare, Sherlock
Holmes, Poirot e Enid Blyton, que o pobre candeeiro de rua estava vivo e testemunhava
um homicídio.
Depois de ler o texto, a reacção
da professora foi chamar o meu encarregado de educação à escola, porque aquilo
“não era normal”. Felizmente o paizinho tinha opiniões muito próprias e uma boa
dose de conhecimento e confiança na sua prole.
O meu castigo consistiu numa boa
dose de incentivo e na aquisição de um respeito saudável pelas opiniões
parentais. O da dita professora consistiu numa conversa animada sobre
imaginação infantil e liberdade de expressão criativa.
Ainda me recordo de boa parte da
composição vencedora. Escolheu algo leve e fofo… A sua ideia daquilo que uma
pré-adolescente deveria ser.
LNOE - Se
tivesse que definir "Percepção" em uma frase, qual seria?
S. F. -‘Percepção’ é feita de contrastes, de subtilezas e
emoções complexas, de pessoas imperfeitas e auto-descoberta, de medo e desejo, de
fantasia num cenário real.
LNOE - O
que podem os leitores esperar da leitura de "Percepção? Qual o seu público-alvo?
S. F. - De ‘Percepção’ esperem emoções fortes, num cruzamento
entre fantasia e realidade, o início de uma aventura empolgante.
Para todos aqueles que apreciam debater ideias e
possibilidades, que vêem as emoções como parte determinante do comportamento
humano e que apreciam uma história com elementos sobrenaturais.
Obrigada à Sara Farinha pela sua disponibilização e muito sucesso!
Esse episódio com a com posição está deveras engraçado. Claro que a professora penseou logo que a Sara tinha algum problema. :)
ResponderEliminarUma entrevista interessante.